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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Os Jack Sparrows do som [Por Kennedy Ribeiro]

É comum vermos músicos a reclamarem da pirataria. Todos nós reclamamos. Já imaginou o sentimento de um artista que está parado no trânsito e vê uma cópia contrafeita da sua obra a ser comercializada por um vendedor ambulante mesmo ao lado? Já se imaginou a ver o seu próprio álbum discográfico, que foi feito com muito sacrifico e dedicação, a ser vendido a 40% do preço que realmente vale?

Deve ser frustrante, não? Pois é, gindungo do olho do outro é refresco.

Agora, surgem várias perguntas:

*Como foi feito o teu CD?

*Que material foi usado na concepção do mesmo?

*Você tem licença legal para fazer uso comercial do software utilizado na feitura do teu CD?

*Será que a ultima versão do Cubase, Protools, Logic, FL Studio e outros DAW que tens instalados no computador foram comprados e devidamente autorizados?

*Você comprou todos estes instrumentos e efeitos virtuais usados nas tuas produções?

*Você pagou ou apenas baixou da internet?

*Já imaginou o trabalho e despesas que os criadores destes produtos tiveram para os terem completos e ao dispor do público consumidor?

Não????

Então você também é pirata. Você também é ladrão. Você também é gatuno. Nós também somos piratas.

Somos tão piratas quanto aqueles que pirateiam os nossos CD’s (senão mais hehe). Sei que um bom número de músicos e donos de estúdios caseiros gasta algum dinheiro em hardware (Computadores, controladores, placas de som, monitores, Sintetizadores, Microfones, Guitarras, Samplers como o Akai MPC ou Roland MV etc.) mas em software…não vamos nos mentir. Um ou outro…talvez. Maior parte não tem um produto virtual sequer comprado. É tudo pirateado.

Imaginem só o nosso Eduardo Paim, Quincy Jones, Marley Marl, ou outros grandes nomes no ramo da produção a assaltarem lojas para roubar turntables, misturadoras, sintetizadores, sound systems, etc, para fazerem a sua música. Ridículo né?

É exactamente isso que nós fazemos hoje. Roubar dos outros para fazermos o nosso.

Não, Não é diferente. É roubo mesmo!

Atenção que eu não estou a falar de criatividade mas sim dos meios utilizados para manifestar tal criatividade.

Por outro lado, temos que reconhecer que os programas para produção de música, design e de vídeo (Sim, maior parte dos video makers e designers também são piratas) são muito caros.

Os fabricantes dão-nos poucas hipóteses de agirmos correctamente.

Um pacote original do Cubase 6 custa no mínimo USD 500, Protools HD (é melhor nem dizer o preço deste), Reason, Adobe Premiere, Vegas, Final Cut ou o Avid Composer. Onde é que um miúdo que não trabalha, criativo e com muita vontade de mostrar ao mundo a sua habilidade tem dinheiro para pagar a isto?

Existem programas mais acessíveis como o FL Studio ou mesmo o Reaper (E outros até grátis) mas mesmo assim é necessário um cartão Visa e nem toda gente o tem.

Mesmo assim, o facto de não se poder pagar não é razão válida para agir fora da lei e não justifica o roubo.

Se me perguntassem, o que eu acho da pirataria em software, eu diria que é moralmente errado de facto. Quem acha isso correcto então também acha que roubar numa loja é correcto. Mas reconheço que graças ao uso de cópias ilegais, muita gente consegue realizar o seu sonho e encontrar fonte de sustento (Os Robin Hoods modernos).

Espero sinceramente, um dia, poder comprar todas as ferramentas que uso no estúdio sem excepção.

Mas enquanto este dia não chega, serei mais um Jack Sparrow usando um ou outro anzol alheio.

Kennedy Ribeiro

 

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